A figura do Exército Brasileiro sempre desencadeou debates intensos e polarizados, mas talvez isso nunca tenha ocorrido da forma que tem sido nos últimos meses, com a predominância de posicionamentos desfavoráveis em relação ao Exército e a seus oficiais generais.
Recentemente, uma situação específica envolvendo a força terrestre e sua presença na Terra Indígena Yanomami, usada pelo Centro de Comunicação do Exército como tentativa de melhorar a impressão sobre o Exército e seu comandante, desencadeou um tsunami de reações nas redes sociais, iluminando a extremamente conturbada relação entre as instituições militares e a sociedade civil no Brasil contemporâneo.
Uma análise detalhada dos sentimentos expressos nas mídias sociais, particularmente no Instagram, onde o Exército Brasileiro mantém uma presença significativa com mais de 6 milhões de seguidores, revela um cenário realmente preocupante sobre a opinião pública. Há várias camadas a ser desvendadas nessa crise de imagem, explorando as implicações atuais e futuras de tais sentimentos públicos.
A postagem do Exército, feita no final de janeiro, não só informou sobre a visita, mas também desencadeou uma avalanche de críticas e manifestações negativas nas mídias sociais. Praticamente todos os dias, mesmo um mês após a postagem original, usuários do Instagram realizam postagens em tom de crítica.
Sugestões provocativas
Comentários incisivos e desabafos nas redes sociais expressam desde desconfiança até indignação com a instituição e suas lideranças, incluindo outros oficiais generais. Entre as críticas, emergiram sugestões provocativas sobre a transformação de quartéis em estruturas civis, refletindo a profunda insatisfação com o papel atual do Exército na sociedade brasileira.
A interação do General Tomás com os indígenas da etnia Ye’kwana, sua visita à Comunidade Indígena local e a Unidade Básica de Saúde, bem como a supervisão da Operação Catrimani, que visava entregar cestas básicas à população indígena, foram detalhadamente descritas nas postagens. Contudo, essas ações, apesar de seu caráter assistencial e de aproximação com as comunidades visitadas, parecem ter sido insuficientes para amenizar as críticas ou melhorar a percepção pública do Exército nas redes sociais.
A análise das reações no Instagram, conduzida por inteligência artificial contratada pela Revista Sociedade Militar, oferece uma visão crítica predominante, pontuada por desconfiança e críticas ao Exército Brasileiro. Esta análise categorizou as opiniões em três principais vertentes: impressões da sociedade, desejos dos cidadãos e críticas predominantes. As impressões refletem um descontentamento geral com a instituição, percebida por muitos nas redes sociais como distante de seus ideais tradicionais de honra e proteção nacional. Os desejos dos cidadãos convergem para um anseio por um Exército que esteja alinhado com os princípios democráticos, de honra e respeito aos direitos humanos.
As críticas mais severas recaem sobre ações percebidas como comprometedoras da integridade e honra do Exército, incluindo prisões injustas de idosos e minorias, a politização da instituição e a sua percebida inação frente a desafios nacionais críticos.
O tratamento de vulneráveis e a percepção de uma desconexão com as necessidades da sociedade brasileira foram particularmente enfatizados nas redes sociais. Comentários ilustram a gravidade e a profundidade da crítica pública, destacando a percepção de ações desproporcionais contra cidadãos vulneráveis, esforços de imagem falhos e uma crítica severa à politização e à perda de imparcialidade.
Este cenário evidencia a necessidade de uma reflexão profunda e, possivelmente, de uma reorientação nas Forças Armadas (FA), visando reconstruir a confiança e o respeito da sociedade brasileira. Uma das perguntas inevitáveis que surgem ao conhecer esse cenário é: quanto tempo levará até que as instituições militares retomem o nível altíssimo de confiança que possuiam por parte da sociedade?
O desejo por transparência, responsabilidade e um alinhamento mais estreito com os valores democráticos e de respeito aos direitos humanos emerge como um clamor uníssono da opinião pública, amplamente ecoado nas mídias sociais. A análise dos sentimentos e opiniões expressos nas redes sociais sugere uma crise de representatividade e uma oportunidade para o Exército Brasileiro reavaliar sua missão e suas práticas, no intuito de reestabelecer sua honra e credibilidade perante a nação.
Portal Militar – Com informações da Revista Sociedade Militar