Em uma reviravolta digna de uma narrativa de guerra fria adaptada aos tempos de influenciadores digitais, o Exército Brasileiro decidiu, a partir dessa nesta quarta-feira, 6 de março de 2024, tomar as ondas do rádio, lançando a mais nova estação FM do país. Sim, senhores e senhoras, na era do Spotify e dos podcasts, nossos militares resolveram revolucionar… voltando aos anos 80. Talvez, numa tentativa de comunicação estratégica, estejam buscando sintonizar com uma frequência menos congestionada de críticas e memes: o bom e velho rádio FM.
Inimigos: Youtubers armados até os dentes com likes e shares
Num movimento que parece mais uma operação de contra-inteligência midiática do que uma estratégia de defesa nacional, o Exército busca combater a perda de terreno no campo de batalha digital – onde, aparentemente, seus avanços tecnológicos não foram páreo para os influenciadores e youtubers armados até os dentes com likes e shares. Assim, a solução encontrada foi apostar nas ondas de rádio, numa clara manobra de flanqueamento para alcançar aqueles cidadãos ainda imunes ao charme das redes sociais.
Esta estratégia de comunicação vem em resposta à polarização política exacerbada e ao ambiente digital hostil, que têm sido terrenos minados para a imagem das Forças Armadas. Parece que, depois de tentar marchar contra o vento das críticas online e perder seguidores como se estivessem em retirada estratégica, alguém lá do Alto Comando, uma mente septuagenária ágil e naturalmente a frente do mundo atual, decidiu que era hora de usar uma tática inovadora e abrir um novo front – desta vez, no dial.
O contexto desta operação midiática não poderia ser mais irônico. Em um cenário onde a esquerda ainda não engoliu o que considera uma aproximação indevida com o governo de Bolsonaro, e a direita critica uma suposta passividade em momentos chave, as Forças Armadas optam por se posicionar como uma voz apolítica por meio do mais político dos meios: uma rádio FM. Afinal, quem precisa de drones e satélites quando se tem microfones e transmissores?
Um tanque de guerra movido a biodiesel
A justificativa para essa incursão nas ondas do rádio é tão robusta quanto um tanque de guerra movido a biodiesel, daqueles que enfumaçaram o planalto central há alguns anos: combater a desinformação e levar a verdade “sem filtros” da atuação militar à população. Claro, porque se há algo que a história nos ensina, é que rádios operadas por militares são o epítome da imparcialidade e transparência, certo? Ressaltando que nenhum militar formado em guerra psicológica, daqueles que desmaiam, jamais passará perto dos estúdios.
Com a perda diária de seguidores no Instagram, parece que o Exército decidiu que, se não pode vencê-los no campo digital, pelo menos pode tentar alcançar aqueles que ainda sintonizam na FM para ouvir notícias, músicas antigas e, agora, a versão oficial das Forças Armadas sobre segurança e defesa nacional.
Quem sabe não estejam apenas um passo de reintroduzir o telégrafo como meio oficial de comunicação estratégica?
O anúncio desta nova estação de rádio não é apenas um esforço para modernizar-se pelos padrões da década de 1980, mas também uma tentativa de mostrar que, no jogo da comunicação, o Exército ainda tem algumas manobras táticas na manga. Resta saber se essa estratégia de “retrofit” comunicacional conseguirá capturar a atenção e o coração dos brasileiros, ou se será apenas mais um ruído de fundo na já saturada frequência da opinião pública, que não anda muito favorável para os generais verde oliva.
Golias o sério – Golf Papa Tango
Artigo base: https://www.sociedademilitar.com.br/2024/03/exercito-cria-a-mais-nova-radio-do-brasil-nesta-quarta-feira-militares-midiaticos.html