O Rio de Janeiro é o estado da federação que concentra o maior número de membros da família militar, são cerca de 280 mil unidades familiares e é onde está – sem dúvida – o maior potencial eleitoral da categoria. Um detalhe importante, a maior parte dos militares do estado, mais de 85%, são graduados, como é chamada a parcela formada por suboficiais, sargentos, cabos e soldados profissionais.
Contudo, desde a arrancada de Jair Bolsonaro em direção ao Palácio do Planalto que a categoria anda desorganizada e sem um norte no que diz respeito a candidatos no estado. Quem enxerga de fora pode acreditar que Hélio Lopes, deputado carioca que recebeu 345 mil votos, seria o representante natural da categoria na Câmara, mas uma olhadela em seu mandato e conversas rápidas com militares das FA bastam para atestar que o subtenente, que muitas vezes é confundido com um segurança do presidente, na verdade é muito mais um representante dos Bolsonaristas e civis militaristas do que das categorias médias dos militares profissionais das Forças Armadas.
Durante o mandato o deputado Hélio Lopes não demonstrou força nem mesmo para vencer a imposição dos generais, que não permitiram que um deputado graduado ligado ao governo participasse das comissões que estudaram a reestruturação das carreiras das Forças Armadas, projeto mais importante dos últimos vinte anos para a categoria.
Ainda na pré-campanha de 2022, com raras exceções, poucos pré-candidatos tem demonstrado força e sinais claros de que devem dar uma arrancada nos próximos meses. Mais do que propostas e discussões sobre direitos e métodos de recuperar perdas salariais, o que tem esquentado a pré-campanha no Rio é a polêmica união com o PSOL de parcela dos militares insatisfeitos com a política salarial implementada pelo governo Bolsonaro.
Nessa segunda-feira o ex-chefe de gabinete de Hélio Lopes, o suboficial Zedequias, da Marinha do Brasil, publicou um áudio que gerou discussões na rede e acabou sendo compartilhado aos turbilhões, demonstrando que a união com a esquerda não é vista como natural por grande parte daqueles que transitam por dentro dos altos muros das instituições militares.
O militar, ao comentar a atitude de companheiros que compareceram ao evento de lançamento de campanha de parlamentares de esquerda no Rio, diz que o PSOL é a favor da “suruba” e “casamento de filho com mãe” e que isso não é coisa de cristão.
“… Não há uma maioria militar apoiando o partido que aparece aí (PSOL)… infelizmente nós temos alguns… esses militares na verdade não querem a mudança no nosso país. Disseram que são cristãos e eu não acredito que uma pessoa que zela pela família vai levantar a bandeira com a foice e o martelo… que diz que é cristão e vai apoiar um parlamentar que é a favor da suruba, dos projetos de casamento de pai com filho, filho com mãe etc… a favor do aborto… esse é o projeto de lei do PSOL… um militar que é cristão vai apoiar um parlamentar que é a favor da sexualização de crianças de 5 anos de idade… que coloca no supremo ADIS que obriga o supremo a impedir incursões e ações da polícia culminando na morte de inocentes como aconteceu no dia de ontem… isso é culpa desses parlamentares… Marcelo freixo, Glauber Braga… partidos esquerdistas que não tem nada a ver com paz, Deus e pátria… nem acredite nessa balela não.”
Ouça o áudio
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