Não é de hoje que percebe-se pedidos de intervenção militar no país, a coisa se iniciou por volta de 2014, ano do cinquentenário da revolução de 1964, e desde então vem se intensificando.
Ao contrário do que poder-se-ia imaginar, mesmo durante o governo Bolsonaro, com grande presença de militares no primeiro e segundo escalão, há forte pressão para que se inicie um processo de fechamento do Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
Desde o início do ano o pleito por intervenção militar nas redes sociais e em manifestações de rua vem crescendo em número e isso se reflete no número de artigos sobre o assunto publicados em sites e blogs.
Acompanhando conversas entre militares em grupos fechados da categoria percebe-se que principalmente entre militares das camadas médias – postos e graduações entre capitão e sargento – há certa divisão de posicionamento a favor ou contra a intervenção militar. Militares bolsonaristas mais antigos, aqueles que acompanham Jair Bolsonaro desde que era vereador no Rio de Janeiro, tendem a apoiar mais a intervenção militar, talvez por ter testemunhado parte do período em que os militares governaram o país.
Em entrevista recente o novo Comandante da Marinha do Brasil, almirante Garnier, disse que as Forças Armadas não se incomodam com as falas do presidente e que ele faz discursos voltados para a sua base eleitoral e população em geral.
” Esses arroubos do presidente não causam desconforto?
_ Não são conosco. Ele fala com a população como um todo. Ele tem uma grande base eleitoral.”
Todavia, o fato é que as falas de Bolsonaro tem sido entendidas como um pedido de mais pressão por parte da sociedade.
Essa semana novamente o presidente falou sobre o papel das Forças Armadas, disse que “não medirão esforços para nos garantir o oxigênio da vida, que é a nossa liberdade”. O fato é que grande parte da militância entende que no país não há ampla liberdade e que um “STF COMUNISTA” está tentando, junto com parte do legislativo, impedir Bolsonaro de governar.
A frase “o pessoal fala que eu devo tomar uma providência, eu estou aguardando o povo dar uma sinalização“, proferida pelo PRESIDENTE em 14 de abril, foi – portanto – entendida da seguinte forma:
” Se vocês pedirem intervenção militar nós faremos”
Abaixo veja gráficos extraídos da ferramenta ahrefs demonstram o aumento nas menções a INTERVENÇÃO MILITAR e FORÇAS ARMADAS em artigos publicados em sites e blogs vêm sempre em algum momento de crise entre os poderes ou após declarações que alimentam essa esperança na base de apoio do presidente.
Notem que após 29 de março as notícias sobre mudança no comando das Forças Armadas alimentou a esperança daqueles que pedem intervenção, iniciou-se o pico de menções a “intervenção militar”.
Transcrição de conversa entre militares nas redes sociais mostra como a ideia de intervenção militar está bem presente na baixa oficialidade e graduados
Militar número 1: “A Sinalização que o Presidente pediu está neste vídeo… Se o Presidente continuar com medo de REAGIR, os “Sinistros esquerdistas” irão tirá-lo do Poder com uma canetada a qualquer momento. Poderão também, mantê-lo acuado até a eleição. Existe uma frase que eu ouvia muito na década de 80 na Marinha do Brasil “O bom moço toma no rabo.” O Medo do Presidente em AGIR, fez com que o Supremo colocasse o Luladrão no páreo para a próxima eleição. Os esquerdopatas não precisam de votos, eles precisam apenas de quem controla o processo eleitoral e isto parece que eles tem nas mãos. Haja vista o resultado de 2020 na maioria das Cidades do Brasil.”
Militar número 2: “Se o presidente intervir no STF ou cometer qualquer abuso, extrapolando o que diz a CF1988, ele simplesmente vai ser afastado. Bolsonaro está governando, ainda que a militância radical tente de todas as formas possíveis forçá-lo a cometer um abuso de autoridade, algo que realmente faça com seja justo chamá-lo de autoritário.”
Militar número 3: “Depende do Povo mas nao e ir pras ruas aos domingos e invadir Brasília e botar os ratos pra correr sao frouxos ai sim o EB vai pras ruas e controla a situação e voltamos a normalidade um dos alvos nessa acao e acabar com a Globolixo.”
Militar número 2: “Respeito sua visão, sei que é militar antigo amigo, mas não vai acontecer, nossos comandantes, por mais políticos e aduladores que sejam jamais apoiariam uma loucura, uma milicada que poderia levar o país a uma guerra fratricida, um retrocesso e até o fim da federação.”
Militar número 3: “… amigo já me acho bem antigo entrei na Marinha em 68 na época crucial do regime militar e já naquela época as esquerdalha dava muito trabalho a diferença e que a pleiade de Generais daquela época eram verdadeiramente nacionalistas verde amarelo e com aquilo roxo se fossem eles hoje e a intervenção já teria acontecido com certeza doesse a quer tiver que doer pau podre que se arrebente agora com a galera de hoje realmente a sub raça e mais aguerrida mas a cúpula e muito subserviente não a nação mas a um regime comunista que não descansará enquanto não nos transformar em um Venezuela e o único obstáculo e um Capitão doido com muita coragem e Deus no coração e eu to com ele…”
A despeito de pedidos da base bolsonarista e da opinião de alguns militares, o filósofo auto exilado Olavo de Carvalho, ex-militante de esquerda e considerado como o responsável pela visão de mundo de grande parte da ala ideológica do governo, admite que acredita que não há possibilidade de que ocorra intervenção militar no país.
Para ele a onça está morta e enterrada.
“A “hora de a onça beber água” foi nos anos 90 e, por comodismo, eles deixaram passar a oportunidade. Bicho morto não bebe água.”