A edição impressa do Valor Econômico dessa terça-feira trouxe uma visão interessante sobre os militares de médias e baixas patentes. Ficou claro que não apoiam a chamada Intervenção Militar, mas também que nem todas as associações estariam totalmente “fechadas com Bolsonaro” para 2022. Algumas apoiam MORO e outras estão divididas por causa da reestruturação, que em sua opinião privilegiou os oficiais generais.
O jornalista ouviu ABBMP, FENGIFA e AMIGA, além de Ivone Luzardo.
“… Militares de baixa patente que votaram em massa no presidente Jair Bolsonaro em 2018 – e que constituem a ampla maioria do contingente das Forças Armadas – estão divididos em relação a seu governo e em relação à perspectiva de voltar a apoiá-lo nas próximas eleições. É essa a avaliação repetida por integrantes de associações de militares ouvidos nos últimos dias pelo Valor.
“Eles afirmam também que nos quartéis a maciça maioria de soldados, cabos, tenentes e sargentos rejeita a bandeira de intervenção militar para fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, defendida por grupos bolsonaristas minoritários.”
Bolsonaro teria começado a perder o apoio hegemônico de que dispunha das tropas no ano passado quando o governo sancionou a lei 13.954, que reestruturou as carreiras militares. “A ruptura, em alguns aspectos, aconteceu aí. Muitas pessoas passaram a considerar o presidente Bolsonaro como um traidor da tropa”, diz Márcio Rodrigues de Carvalho, da Federação Nacional dos Graduados Inativos das Forças Armadas.”
Outra associação, a ABBMP, relativamente nova, mas já com grande representatividade
“À frente de uma associação criada no ano passado, a Associação Brasileira Bancada Militar de Praças (ABBMP), o fuzileiro naval da Marinha José Ubirajara Fernandes da Rocha, diz acreditar que até o fim do governo essas mudanças terão sido feitas, o que reduziria as resistências que parte dos militares passaram a ter em relação ao presidente… Crítico da forma que como o Legislativo e o Judiciário tem, segundo ele, interferido no poder Executivo, Ubirajara da Rocha diz que vê como legítimas as manifestações anti-Congresso e anti-STF. Mas diz confiar na capacidade da classe política para resolver crises. “As pessoas [que pregam intervenção] estão motivadas pelo sentimento e em alguns momentos se esquecem da Carta Magna”, diz. “Os quartéis estão pacificados, tudo normal. Isso é mais um movimento das redes sociais do que um movimento político interno.” E acrescenta: “Eu espero que tudo isso acabe sem nenhum ato institucional gravoso, que tudo se resolva na diplomacia na política”.
Portal Militar
Dados de https://blogdacidadania.com.br/2020/05/militares-de-baixa-patente-rejeitam-golpismo/