A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), uma das maiores associações empresariais do mundo, representando quase 40% do PIB brasileiro, realizou no dia 6 de fevereiro um evento na sua sede com a presença de militares de alta patente, vários no posto de General de Exército. A ocasião foi destacada pela palestra do general Tomás Miguel Miné, citando feitos do Exército Brasileiro nos últimos meses, dando destaque para as ações na Amazônia, e pela entrega de prêmios a oficiais generais do Exército Brasileiro, o que acabou deixando claro o apoio da entidade ao comportamento das Forças Armadas sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O próprio Exército Brasileiro divulgou o evento em uma página inteira de seu site principal, mostrando o entusiasmo pela parceria e reconhecimento. Este gesto da FIESP, especialmente no contexto atual, carrega significados profundos sobre a interação entre o setor industrial e as Forças Armadas no Brasil.
Em agosto de 2022, a FIESP havia demonstrado uma postura de vigilância ao divulgar um manifesto em defesa da democracia. O documento, endossado por figuras jurídicas notáveis e líderes do setor bancário, surgiu logo após uma reunião no Palácio do Planalto ocorrida em julho de 2022, mas só divulgada ao público em janeiro de 2024 e que hoje se tornou alvo de investigação feita pelo STF. Na reunião, autoridades do primeiro escalão da república, proferiram discursos interpretados como revelações de que tinham a intenção de interferir no processo eleitoral de 2022. Manifestaram ainda desconfiança sobre as urnas eletrônicas e eleições presidenciais que ocorreriam naquele ano.
Na época, ainda que a sociedade não tenha tomado conhecimento da reunão, a FIESP aparentemente foi informada por alguma fonte. A publicação do documento pela FIESP foi interpretada pela Revista Sociedade Militar como uma resposta direta às informações obtidas, sugerindo um possível planejamento de ações que poderiam afetar a estabilidade econômica e política do Brasil.
Trecho de artigo da Revista Sociedade Militar
“… não há coincidência quando bilhões de dólares estão em jogo e a FIESP, que representa 130 mil empresas, responsáveis por cerca de 40% do PIB do país, não tem o costume de mandar recadinhos sem que esteja realmente bem informada. Com toda a certeza, o manifesto foi publicado porque a entidade recebeu informações que indicavam que algo muito grande estava em planejamento, algo que foi interpretado pela cúpula da federação como potencial causador de prejuízo para a economia do país.”
A escolha do Exército Brasileiro como um símbolo de integração nacional e defesa da ordem constitucional foi destacada na cerimônia do dia 6 de fevereiro. A FIESP concedeu a Ordem do Mérito Industrial ao General Tomás, em um gesto que deixa claro o desejo da classe empresarial paulista por um país regido pelos princípios republicanos e pela constituição. A homenagem acaba deixando claro para a sociedade o apoio da classe industrial e endossando a posição do Comandante do Exército, que luta contra críticas internas ao manifestar sua submissão ao atual presidente da república.
Dados de Revista Sociedade Militar e Site do Exército Brasileiro