A fala de Jair Bolsonaro sobre ter pintado um clima ao ver jovens venezuelanas de 14, 15 anos de idade com sinais de que se prostituiriam pode ser a cereja do bolo da vitória de Lula? Bolsonaristas a esse momento já pensam na desconstrução do discurso da grande mídia.
É obvio que a grande mídia não vai dizer que Bolsonaro estava acompanhado e que não vão mostrar o vídeo que foi gravado na ocasião, mostrando o general Ramos ao fundo.
Quando o presidente disse “pintou um clima” quis dizer que simpatizou com as meninas, que se interessou por conhecer sua situação.
Não fosse as próprias falas, muitas delas precipitadas, descabidas e completamente fora do mínimo padrão moral e intelectual exigido para quem ocupa o cargo mais importante da 10ª economia do planeta, Jair Bolsonaro teria sido reeleito no primeiro turno.
Entre os poucos bolsonaristas que ainda ousam expressar a própria opinião, criticando uma ou outra ação de Bolsonaro, se arriscando a serem atirados na vala dos comunistas, esquerdistas, melancias… ouve-se a seguinte frase: “Bolsonaro, infelizmente, pode perder para ele mesmo”.
“O peixe morre pela boca… amanhã isso vai estar em todos os jornais! Garotinhas de 14… 15 anos… pintou um clima…”, disse um eleitor de Bolsonaro em um grupo de militares.
“Antes de tomar a facada, ele filtrava mais as merdas que ele falava… “, disse outro.
Para quem é pragmático, pensa no futuro e deixa detalhes secundários de lado, definindo suas ações com base naquilo que importa para o lucro, para um futuro mais promissor, Jair Bolsonaro é definitivamente o melhor nome e esse será o seu voto. Apenas poucos meses após a pior crise que abalou o mundo no último século o Brasil se mantém firme e com a inflação baixando, as instituições estão de pé e as ações governamentais transcorrem dentro daquilo que se chama hoje de “quatro linhas”, dando a segurança necessária para se construir um projeto para o futuro.
Porém, para quem pensa com o coração, provavelmente a maior parte das pessoas, sobretudo as classes menos favorecidas, formadas pelos brasileiros que sequer tem tempo para meditar sobre investimentos, futuro, taxas de juros e coisas do gênero, ouvir um homem de mais de 60 anos de idade, presidente da república, dizer que pintou um clima entre ele e garotinhas de 14, 15 anos, com o discurso de pedofilia enfiado e repetido de forma intensa nas notícias da TV e redes sociais, definitivamente, a decisão sobre o voto já chegou.
Quem observa a campanha na TV nos últimos já percebeu que Bolsonaro está na defensiva, completamente fora de seu estilo. E se esse homem abandonou o estilo agressivo de toda uma vida, isso não ocorreu sem uma razão muito forte. Todo candidato contrata pesquisas e as respostas que chegaram até a sua equipe certamente indicam que no momento permanece atrás de lula nas intenções de voto e que precisa de alguma forma tocar no coração do eleitor menos pragmático, aquele que está ofendido por suas falas sobre as mulheres, sobre os gays, sobre a covid-19 e – mais recentemente – a última das crises, que começa hoje, sobre ter pintado um clima ao ver garotinhas bonitinhas de 14, 15 anos.
Bolsonaro é Pedófilo? Não. Mas, deveria ter se expressado de maneira bem diferente.
“Eu parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Ahm, Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para que? Ganhar a vida”, disse Bolsonaro.
Robson Augusto