As relações militares entre Brasil e Estados Unidos têm sido um ponto de atenção e debate intenso em diversos setores do governo brasileiro. Recentemente, o Exército Brasileiro (EB) anunciou um estreitamento ainda maior desses laços, provocando uma série de reações principalmente em redes sociais.
Destaca-se também, questão interessante. uma mudança no vocabulário utilizado pela comunicação social do EB, que agora se refere aos militares dos EUA como “militares estadunidenses”. Essa adaptação à terminologia frequentemente usada pela esquerda política tende a ser interpretada como um esforço do EB para alinhar-se às sensibilidades políticas contemporâneas do Brasil, que tem um governo atualmente posicionado à esquerda.
O Brasil está enviando militares para treinamentos na China e estes – com a duração de 11 meses – serão muito mais longos que os realizados nos Estados Unidos. Na internet percebe-se também críticas a esse comportamento, interpretado como um sinal de que as Forças Armadas do Brasil estariam se tornando “de esquerda”.
CORE 2024: a parceria com os Estados Unidos e o compromisso contínuo
A nova fase dessa cooperação será marcada esse ano pela participação de militares brasileiros em um treinamento conjunto nos Estados Unidos, durante o mês de agosto. A operação, denominada CORE 2024 (Combined Operation and Rotation Exercise), reflete um compromisso contínuo entre as duas nações de fortalecer suas capacidades de defesa por meio de exercícios militares conjuntos.
Especialistas do Exército Brasileiro em operações na selva amazônica, pertencentes ao 52° Batalhão de Infantaria de Selva (52º BIS) com sede em Marabá (PA), juntamente com elementos do Estado-Maior a nível de Batalhão e Brigada, irão se juntar a uma unidade da 101ª Divisão Aeroterrestre (101st Airborne Division) do Exército dos Estados Unidos. Esse intercâmbio proporcionará uma oportunidade valiosa para os militares brasileiros aprimorarem suas habilidades em um ambiente de treinamento avançado.
O treinamento ocorrerá no Fort Johnson, Louisiana, no Joint Readiness Training Center (JRTC), um dos principais centros de preparação e treinamento do Exército dos EUA. Este centro é conhecido por suas instalações de ponta e pela capacidade de simular uma ampla gama de cenários operacionais, permitindo aos militares brasileiros adquirir experiência prática e valiosa.
Um histórico de cooperação
A história recente de cooperação militar entre Brasil e Estados Unidos é marcada por uma série de exercícios conjuntos que visam desenvolver a capacidade de operação combinada e aplicar conceitos operacionais modernos. Em 2021, por exemplo, o Exército Brasileiro e o Exército Americano realizaram o Exercício Culminating em solo estadunidense, culminando na assinatura de um programa de cooperação para exercícios bilaterais anuais até 2028.
Este programa, denominado CORE, tem se mostrado um sucesso, com edições já realizadas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Em 2023, a CORE 23 foi conduzida nos estados do Pará e Amapá, demonstrando a flexibilidade e adaptabilidade das tropas envolvidas. Essas operações têm sido fundamentais para fortalecer os laços entre os dois exércitos e garantir que ambas as forças estejam prontas para enfrentar desafios conjuntos.
Impactos geopolíticos e políticos
O aprofundamento da cooperação militar entre Brasil e Estados Unidos não ocorre em um vácuo político ou geopolítico. Em um momento em que as tensões globais estão em alta e alianças estratégicas são mais importantes do que nunca, a parceria entre essas duas nações envia um sinal claro de alinhamento e cooperação. Para setores do governo brasileiro, especialmente aqueles mais alinhados com a esquerda, essa cooperação pode ser vista com cautela, considerando a influência histórica dos Estados Unidos na América Latina e a rivalidade do país com o principal parceiro comercial do Brasil, a China.
A escolha de termos como “militares estadunidenses” pode ser interpretada como uma tentativa do Exército Brasileiro de mostrar sensibilidade às nuances políticas internas do Brasil. Ao adotar uma terminologia que ressoa mais com a narrativa da esquerda, o EB parece buscar um equilíbrio, tentando manter a cooperação internacional enquanto se alinha com a linguagem e sensibilidades domésticas.
Benefícios da cooperação militar
Os exercícios CORE são mais do que meras demonstrações de força; eles são uma plataforma para troca de conhecimento e aprimoramento de capacidades. Os militares brasileiros ganham acesso a tecnologias avançadas, técnicas de combate modernas e uma compreensão mais profunda das táticas usadas pelos seus homólogos estadunidenses. Esse intercâmbio não só melhora a prontidão e eficácia das tropas brasileiras, mas também fortalece os laços pessoais e profissionais entre os militares das duas nações.
Adicionalmente, a participação em exercícios como o CORE 2024 proporciona aos militares brasileiros a oportunidade de treinar em ambientes diversificados, algo crucial para a preparação em um mundo onde os teatros de operações são cada vez mais variados e imprevisíveis. A experiência adquirida em ambientes como o JRTC é inestimável, preparando as tropas para enfrentar uma ampla gama de desafios operacionais.
Dados de Exército Brasileiro