Um soberano jamais deve colocar em ação um exército motivado pela raiva; um líder jamais deve iniciar uma guerra motivado pela ira.
Sun Tzu
O que faz o soldado ir para a guerra, além dos laços óbvios tecidos pelo patriotismo, sangue e solo, é o medo do que está atrás ser pior do que o que está à sua frente. Isso é basilar. Essa equação jamais pode ser desequilibrada. A pena de morte em tempo de guerra, por exemplo, garante essa “reserva” psicológica. Porém, nem só de chicote vive a cavalaria, e tão significativo quanto o medo, a moral é lei não escrita imprescindível a qualquer Força, sob pena de se tornarem os militares meros fantoches de governantes aventureiros. Cabe mais ao exemplo pessoal – a “mulher” de César – do que à doutrina ser o esteio verdadeiro do combatente, esteja ele num conflito, na fronteira, na torre de controle ou no escritório. Reduzir as Forças Armadas a meros serviçais cegos de um pretenso “Líder” é apequenar seus componentes. E as consequências, por mais que demorem, chegarão.
A decisão do EB de engavetar o processo contra o general Pazuelo, “autorizado” pelo seu Capo, a subir num carro de som abarrotado de políticos governistas, cercado de uma horda ululante de bolsonaristas desmascarados – opa! Isso não é um comício pré-eleitoral!? Não, é uma “motosseata”… – horroriza a grande mídia, que, entre impropérios antimilitaristas indignados (preocupada agora com a disciplina da caserna), diz que Bolsonaro esculhambou as Forças Armadas. Enquanto quase toda a extrema imprensa pede a cabeça de Pazuelo e, na mesma cesta, a de Bolsonaro, a emergente mídia “direitista” faz tábua rasa do achincalhe que a dupla bisonha de oficiais (um capitão, o outro general) fez da disciplina militar (a qual, eles parecem ter esquecido, não é favor pessoal, mas atributo profissional). Sim, há sempre mais onde cavar neste buraco negro em que Marinha, Exército e FAB foram atirados.
Mas, falávamos de gavetas… de fato, esses engavetamentos processuais são lugares comuns tanto na sociedade bananeira em que vivemos, quanto na caserna embananada que deploramos. Quantos ladrões de galinha passam a vida na cadeia, enquanto Ladrões de um país inteiro são soltos, desde sempre? Quantas vezes a justiça foi engavetada antes? Quem não se lembra de que o capitão Bolsonaro ficou 15 dias preso, foi absolvido pelo STM e então transferido para a reserva (remunerada), pavimentando assim sua escalada política?! Esse Tribunal enviesado “etnicamente” – formado por oficiais para absolver oficiais – teve tanto medo de balançar a frágil democracia recém renascida que preferiu sacrificar a disciplina militar em nome do antipunitivismo, premiando um péssimo oficial por medo da opinião pública nascente. Foi uma saída “amarelo-oliva” ou os engavetamentos intramuros para os oficiais sempre foram a norma? A água segue correndo para o mar…
Nessa luta quixotesca que só faz robustecer o pré-candidato Jair Bolsonaro, que, como agente do caos, tem no conflito sua principal ferramenta de trabalho, perdidos ficam os princípios milenares do espírito militar, que impulsionam o soldado a dar a sua vida em holocausto, inclusive por quem não lhe dá valor. Legal ou não, autorizado ou não, o comício camuflado da dupla esquizoide golpeou severamente este Espírito. Não se sabe quando os frutos das ações presentes serão colhidos. Não se sabe se Bolsonaro está mais para Hugo Chávez do que para Vargas. Mas, se hoje a deusa da guerra viesse do Norte nos visitar, seria temerário para os atuais generais confiar nessa tropa sobre a qual o Chefe de Governo tripudia repetidamente há dois anos.
JB Reis
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