O discurso do general de Exército Paulo Sérgio Nogueira começou com uma saudação aos parlamentares. O tom foi bastante brando, diferente do último momento em que um ministro militar esteve naquela tribuna, quando Braga Netto aos gritos lançou respostas evasivas para parlamentares que questionavam os motivos de durante a tramitação da reestruturação das carreiras ter implementado um esquema de espionagem.
O governo enfrenta um momento tenso, no qual precisa do apoio da Câmara para aprovação de medidas essenciais para a manutenção da popularidade do presidente Bolsonaro, Paulo Sérgio não podia se exaltar .
“Manifesto aqui o meu respeito por esta Câmara dos Deputados, a Casa do Povo, e por seus dignos integrantes, bem como pela população brasileira, à quem o Ministério da Defesa e as Forças Armadas servem por meio da abnegada dedicação de cerca de 350 mil homens e mulheres, militares do serviço ativo, pessoas cuja motivação é a defesa da Pátria…”
O oficial general permaneceu por mais de seis horas sendo sabatinado pelos parlamentares e só ao final respondeu aos questionamentos feitos por Paulo Ramos e General Girão.
Paulo Ramos é do PDT, partido que tem recepcionado pensionistas e militares da reserva não remunerada e que ingressou com duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade que tendem a modificar a lei 13.954 pelo menos no que diz respeito aos direitos dos temporários.
General Girão, que deve disputar a reeleição para deputado federal e anda sendo incomodado por graduados que também vão se candidatar em seu estado, recebeu uma comitiva de graduados que foi precedida de um amplo movimento de crítica por meio de suas redes sociais, quando centenas de praças das Forças Armadas manifestaram suas reclamações sobre seu comportamento durante a tramitação do PL1645 de 2019.
Após a reunião com graduados no Gabinete na Câmara dos Deputados deputado general Girão encaminhou um documento ao Ministro da Defesa.
A resposta para os dois parlamentares veio nessa quarta-feira, na Câmara dos Deputados. O general Paulo Sérgio admite que a reestruturação das carreiras pode ter deixado algumas categorias de fora e determinou a criação de um grupo de estudo para verificar quais foram os equívocos e apresentar as propostas de correção.
Nas redes sociais a maior parte dos militares atribui a ação à possibilidade de fracasso político dos aliados de Jair Bolsonaro principalmente no Rio de Janeiro, onde seus filhos e políticos apoiados tem enfrentado grande rejeição por parte da família militar. Uma parte minoritária – por outro lado – enxerga boa vontade nas palavras do ministro e acredita que como empenhou sua palavra diante da tropa de que buscará corrigir os erros a coisa deve avançar e ser resolvida ainda antes das próximas eleições.
Assista o vídeo abaixo
Importante relembrar que o comandante da Marinha admitiu – em vídeo – que a lei 13.954 de 2019 se esqueceu de alguns militares, (ficaram de fora da abordagem meritocrática) o oficial falou que a cúpula das Forças Armadas estaria comprometida em reparar os erros. No vídeo o almirante diz também que os oficiais generais foram os que ganharam menos com a reestruturação das carreiras.
Vídeo abaixo pra quem desejar comprovar o que foi dito
https://escriba.camara.leg.br/escriba-servicosweb/html/65702