Nessa manhã de segunda – feira a militância bolsonarista dentro das Forças Armadas acordou sobressaltada, muitos ainda não acreditavam que sargentos e suboficiais pudessem se reunir com parlamentares do PSOL. Mas, de fato quem acompanhou o momento viu aos poucos vários militares chegando ao prédio no centro do Rio, bem ao lado do teatro Municipal e que tem o sugestivo simbólico número 13, na rua que também leva o mesmo número, 13 de maio.
Viu-se nos semblantes algum desconforto logo no início, um militar jura que na rua havia um agente de informações verificando quem teve coragem de aparecer, fotografando quem faz parte do grupo de “subversivos”. Na mente de alguns militares há possibilidade de uma “virada de mesa” dos generais, uma intervenção militar se Bolsonaro não vencer nas urnas e julgam que, caso isso ocorra, os apontados como “elementos” perigosos podem ser duramente sancionados.
Lá dentro, no quarto andar, no escritório simples, quase sem móveis, depois que o parlamentar anfitrião deixou todos a vontade, disse que era a favor da manutenção das forças armadas e militares e que considerava que eram essenciais para a segurança do país, aos poucos sorrisos começaram a aparecer e logo cada um apresentou suas posições sobre o caos salarial e decepção com o tratamento recebido por parte da cúpula das Forças Armadas. Alguns dissertaram sobre as batalhas que enfrentaram em missões dentro e fora do país, mas unânime mesmo entre os presentes era o sentimento de ter sido usados.
Um militar na graduação de suboficial confidenciou o que não tinha revelado até então pra ninguém, que foi até o cercadinho e iniciou para Bolsonaro um relato sobre a decepção da tropa com a reestruturação das carreiras, disse que o Presidente foi extremamente agressivo e que aos gritos perguntou se ele estava passando fome.
Nas redes sociais desde a manhã muitas mensagens de ódio tentavam estigmatizar a turma que se reuniria com Glauber Braga. _Comunistas, petistas, melancias… safados… foram alguns dos termos usados.
Alguns presentes contam que receberam até telefonemas intimidatórios.
De concreto da reunião o que se tem é que Glauber Braga deve convocar uma audiência pública com os comandantes das Forças Armadas e que deve solicitar à defesa informações sobre os sistemas de saúde. Os graduados terão direito a escolher os nomes de quem deve participar do confronto de opiniões com os oficiais generais.
O parlamentar tentará, prometeu, unir forças com Paulo Ramos, deputado federal pelo PDT, para apressar as Ações Diretas de Inconstitucionalidade que tramitam no SUPREMO. Foi sugerido a criação de uma frente parlamentar de graduados das Forças Armadas, o deputado disse que vê com bons olhos a ideia, que ficaria – talvez – para um outro mandato.
Glauber disse que o PSOL vai decidir ainda se deve ter uma candidatura independente para presidente da república, que se a mesma existir o nome mais provável será o dele. Conta ainda que a questão dos graduados das Forças Armadas já foi inserida em suas propostas enviadas para a executiva nacional.
Nessa tarde/noite de segunda-feira ele estará reunido com um militar graduado para aprofundar mais um pouco as questões colocadas durante a reunião da parta da manhã.